Literatura

"Ter aquele pezinho em suas mãos, senti-lo estremecer e palpitar de emoção, cobri-lo de beijos, acariciar a rósea cútis diáfana tecida de veias azuis, brincar-lhe com as unhas crespas, como conchinhas de nácar, cingir ao seio esse gnomo gentil, titilante de amor e volúpia!"
-- A Pata da Gazela; José de Alencar

Teus pés são voluptuosos: é por isso
Que andas com tanta graça, ó Cassiopéia!
De onde te vem tal chama e tal feitiço,
Que dás idéia ao corpo, e corpo à idéia?


Camões, valei-me! Adamastor, Magriço,
Dai-me força, e tu, Vênus Citeréia,
Essa doçura, esse imortal derriço…
Quero também compor minha epopéia!

Não cantarei Helena e a antiga Tróia,
Nem as Missões e a nacional Lindóia,
Nem Deus, nem Diacho! Quero, oh por quem és,

Flor ou mulher, chave do meu destino,
Quero cantar, como cantou Delfino,
As duas curvas de dois brancos pés.
-- Estrela da Tarde - Manuel Bandeira

"Virgílio, o poeta mais elegante que tem existido, compreendeu que Vênus ocultasse aos olhos do filho, na selva líbica, a beleza imortal de seus olhos, de seu sorriso, de suas formas sedutoras; mas não aquilo que era sua essência divina. Foi pelo andar que ela revelou-se deusa."
-- A Pata da Gazela; José de Alencar

"Ah! Eu desejava ser uma nação; assim como há demônios-legiões, por que não pode haver homens-povos? Se o fosse, daria um trono a essa mulher, somente para que ela instituísse o beija-pé. Como eu seria cortesão! Como eu a beijaria por minhas cem bocas de súdito!"
-- A Pata da Gazela; José de Alencar

"A frouxa luz da alabastrina lâmpada
Lambe voluptuosa os teus contornos...
Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos
Ao doudo afago de meus lábios mornos."
-- Espumas Flutuantes; Castro Alves

Amo espreitar a negligente perna
Que mal se esconde nas rendadas saias,
Ou ver subindo o patamar da escada
Sem asas, a voar, um pé de fada!

Um pé, como eu já vi, de tez mimosa,
De tez folha de rosa,
Leve, esguio, pequeno, carinhoso,
Apertado, a gemer, num sapatinho;
Um pé de matar gente e pisar flores,
Namorado da lua e pai de amores!

Um pé, como eu já vi, subindo a escada
Da casa de um doutor;
Da moçoila gentil, erguida a saia,
Deixou-me ver a delicada perna.
Padres, não me negueis, se estais em calma,
Um coração no pé, na perna uma alma.

Poeta do amor e da saudade.
Depois de morto, peço,
Em vez de cruz sobre a funérea pedra
A forma de seu pé: foi o meu culto
Quero sonhar o resto, em quanto a lua
Chorosa e triste, pelo céu flutua



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